17 janeiro 2012

Capião de navio que naufragou na Itália queria homenagear chefe dos garçons


O cruzeiro Costa Concordia,  que naufragou na costa da Itália na noite da sexta-feira passada, se aproximou da ilha de Giglio para homenagear seu chefe de garçons, que nasceu no local, e um ex-comandante da companhia Costa Cruzeiros, dona do navio. Uma mensagem publicada no Facebook na sexta à noite, avisava que o navio se aproximaria da ilha. As informações foram publicadas ontem pelos jornais italianos Corriere della Sera e Il Tirreno. 


Segundo as publicações, o comandante do transatlântico, Francesco Schettino, decidiu fazer uma surpresa ao chefe de garçons, Antonello Tievoli, e ao ex-comandante Mario Palombo. "Vem ver, Antonello, estamos em Giglio", teria dito ele ao chefe de garçons, que pensou que era uma brincadeira de Schettino. O capitão do navio ainda está detido e poderá ser responsabilizado pelo acidente.

Tievoli, de acordo com os jornais, se sente culpado pelo naufrágio, do qual se tornou protagonista sem querer. Aos moradores de Giglio, ele teria dito, quando o socorreram: "Nunca poderia imaginar que desembarcaria em minha casa". Mas, segundo os jornais, desde então Tievoli não quer falar com ninguém.

De acordo com outro jornal, o La Repubblica, foi a irmã de Tievoli que escreveu às 21h08 (horário local) em seu perfil no Facebook a mensagem: "Dentro de pouco tempo passará muito perto o navio Concordia. Um cumprimento muito grande para meu irmão que em Savona, finalmente, desembarcará para uns dias de férias", postou. 

A aproximação ocorreu minutos depois. O navio - que levava mais de 4,2 mil pessoas - está a metros de distância da ilha de Giglio. A embarcação havia deixado o porto de Civitavecchia na sexta para um cruzeiro de uma semana pelo Mediterrâneo. 

Vítimas  

No último balanço, divulgado ontem, mais um corpo de um passageiro foi encontrado na embarcação, elevando para seis o número de vítimas fatais do adicente. Segundo as autoridades, há ainda pelo menos 29 pessoas desaparecidas. As buscas por sobreviventes foram suspensas temporariamente na madrugada de ontem, pelo horário local, porque o barco se moveu alguns centímetros e o mar estava muito agitado, pondo em risco a segurança das equipes de resgate.

Ontem à tarde, a funcionária do Consulado brasileiro em Roma, Cristiana Pontual, assegurou que todas os 56 brasileiros que estavam a bordo passam bem. Até o domingo, 27 deles já haviam retornado para o Brasil. Outros quatro deveriam voltar ainda ontem e seis tripulantes do Concordia aguardavam documentos. Outros brasileiros seguiram viagem, alguns aguardam documentação e os demais moram fora do país. 

"Pela última lista que nos deram, podemos verificar que nenhuma das pessoas nos forneceu como telefone de emergência um número com código da Bahia", explicou a funcionária do Consulado, sobre a maior probabilidade de não haver baianos a bordo.

Falha humana provocou tragédia

Um erro humano. Foi assim que o presidente da Costa Cruzeiros, proprietária do navio Costa Concordia, caracterizou ontem o que aconteceu após o capitão do navio fazer um desvio de percurso “não autorizado, sem aprovação”.

Em entrevista coletiva concedida em Gênova, Pier Luigi Foschi cravou: “A companhia dará ao capitão (Francesco Schettino) toda a assistência necessária, mas temos que admitir os fatos e não podemos negar o erro humano”.

“A rota estava correta. O fato de que (o navio) saiu de seu curso se deve unicamente a uma manobra do comandante que não tinha sido aprovada, (não foi) autorizada e (era) desconhecida pela Costa (Cruzeiros)”, acrescentou. 

Hoje, uma audiência em Grosseto decidirá se Schettino será acusado por homicídio culposo (quando não há intenção de matar), abandono de navio e imperícia ao provocar o naufrágio da embarcação. Se acusado formalmente, Schettino permanecerá preso em Grosseto.

O comandante Francesco Schettino ingressou na Costa Crociere em 2002, como oficial responsável pela segurança. Depois de ter sido imediato, foi promovido a comandante em 2006. A empresa afirmou que: “Como todos os comandantes de nossa frota, (ele) participou de programas regulares de atualização e treinamento, superando positivamente todas as etapas de avaliação”. 

A empresa alega que o comandante, possivelmente, tenha cometido erros de juízo que trouxeram graves consequências. No domingo, Francesco Schettino afirmou que foi o último a deixar o navio após o naufrágio. No mesmo dia, diversos passageiros relataram não tê-lo visto durante o caos que tomou contra do navio ao bater nas pedras e encalhar num banco de areia.

Correio