10 janeiro 2012

Despejo de água poluída faz praia da Barra virar um mar de lixo

A sua sorte, leitor, é que por mais repugnantes que sejam, as fotos não têm cheiro. E nem transmitem doenças. Porque para quem frequenta a praia da Barra - entre eles os muitos turistas que vão levar para fora sua opinião da cidade - é rotina  se deparar com essa água imunda que emporcalha as areias sempre depois que chove no bairro.
Ontem de manhã choveu. E, em dez minutos, por volta das 9h, uma forte corrente de água suja começou a jorrar de um cano, diretamente na areia. Rapidamente, uma poça negra, de cerca de 100 metros de comprimento por 10 de largura, se formou na areia.
“Parece até uma guerra. Agora, aqui não é Praia do Farol da Barra, é a praia dos esgotos”, afirma Manoel Ramos, 43, morador de Tancredo Neves,  que frequenta a praia a cada 15 dias. Ele conta que já viu os banhistas correrem, fugindo das águas escuras. “No meu tempo de menino isso era uma maravilha”, lembra.
Além de revolta dos banhistas, a imensa mancha prejudica barraqueiros. De acordo com eles, a água é, na verdade, esgoto despejado por um hotel da orla. “Nós já reclamamos com eles, com a prefeitura e não fizeram nada”, conta a barraqueira Jaqueline dos Santos, que trabalha  há 8 anos na praia.
Enquanto a água negra ia tomando a areia, os barraqueiros iam cavando, numa tentativa  de disfarçar a sujeira. Para salvar as caixas de isopor e as cadeiras, eles tinham que botar o pé na lama. Em alguns pontos, o nível da água chegava perto do joelho.
Para não perder todo o dia, os vendedores organizaram uma  operação para limpar a praia. Depois de cavar trilhas para escorrer as águas represadas, jogavam areia sobre a área inundada.
“Agora qual o banhista que vai vir aqui? Qual o turista? A gente paga tudo (os impostos para trabalhar na área) certinho e é isso que acontece. Ninguém faz nada”, reclamou Jaqueline. “Minha unha está toda comida de micose”, acrescentou, mostrando o pé.
Correio