31 janeiro 2012

Saiba quais são os tipos mais comuns de ciúme e aprenda a driblá-los

Muitos ciumentos sofrem com situações hipotéticas, e que têm chances remotas de se concretizarNo célebre livro "Fragmentos de um Discurso Amoroso", o filósofo francês Roland Barthes (1915-1980) admite: "Como ciumento, sofro quatro vezes: porque sou ciumento, porque me reprovo em sê-lo, porque temo que meu ciúme magoe o outro e porque que me deixo dominar por uma banalidade. Sofro por ser excluído, por ser agressivo, por ser louco e por ser comum". Barthes expõe a dor atroz do ciumento, algo comparável, talvez, somente à inveja. E ao final se julga "comum", justamente porque o sentimento é, sem dúvida nenhuma, um dos visitantes mais frequentes da alma humana. Muitos ciumentos sofrem com situações hipotéticas, e que têm chances remotas de se concretizar

Para o psicólogo argentino Bernardo Stamateas, autor de "Emoções Tóxicas – Como Se Livrar dos Sentimentos Que Fazem Mal a Você" (Ed. Thomas Nelson Brasil), o ciúme nada mais é do que "o medo de perder o que se tem". Logo, quem ama cuida, para não perder. O problema é a proporção que ele pode assumir, transformando-se em um destrutivo desejo de posse. Sob controle, o ciúme pode funcionar como aditivo na rotina de um casal. Em exagero, causa desde a tensão emocional e física, escândalos em público, brigas e rompimentos. Há vários tipos de ciúme, e na essência da maior parte deles está a autoestima. Trata-se de um jogo de forças contrárias: quanto menor a autoestima, maior a chance de a pessoa ser ciumenta.
Em geral, quem é excessivamente ciumento é muito controlador, quer monitorar não só a própria vida como a do outro, numa tentativa desesperada –porém, vã– de evitar a traição e o sofrimento. Por outro lado, quem afirma não sentir nem um pouquinho de ciúme é visto com reserva até por psicoterapeutas. "Há uma dificuldade em estabelecer ligações afetivas", afirma a psicóloga Maria Claudia Lordello, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).


A relação terminou há meses, mas você continua vigiando os passos da pessoa com quem você terminou pelas redes sociais e sabe tudo sobre suas novas paqueras. "Quem tem ciúme 'póstumo' fica preso ao passado e se sente incapaz de enxergar perspectivas futuras", diz a psicóloga Maria Claudia Lordello. "Parece que a vida fica em suspenso", diz a psicoterapeuta Sandra Samaritano. “Em alguns casos, essa devoção à memória do que já foi não passa de uma desculpa para não enfrentar a realidade e seguir adiante." 


Cinco dicas para lidar com o ciúme
1. Entenda que o ciúme não protege relação nenhuma de uma possível traição. Conscientizar-se disso é libertador. Afinal, quem garante ao ciumento que, por mais que ele vigie, receberá a fidelidade de volta?...

2. Conscientize-se de suas qualidades, seus defeitos e limites. Esse é um exercício bastante útil de autoconhecimento. Você consegue identificar o que precisa ressaltar na sua personalidade e o que pode melhorar, ganhando segurança e autoconfiança. Esse é o primeiro passo para libertar-se da necessidade de querer controlar tudo.

3. O ciúme, em si, não costuma chatear o parceiro. O que põe em risco o sucesso da relação é a desconfiança. Compreenda essa diferença.

4. Em vez de viver no mundo da fantasia, imaginando o que a pessoa com quem você se relaciona está fazendo longe dos seus olhos, que tal conhecer de perto a realidade dela? Isso inclui apresentar-se aos colegas de trabalho, visitar a academia, conhecer aquela amizade de anos.

5. Analise sempre os fatos, não as impressões. Respire fundo e separe o que é a emoção do momento do que realmente aconteceu. É muito frequente os ciumentos brigarem por coisas que imaginam que podem ter acontecido, mas, de fato, não aconteceram (e, muitas vezes, há remotas chances de acontecer). Heloisa Noronha.