"Quem foi que falou que eu não sou um moleque atrevido?". A voz do sambista Jorge Aragão ecoou no saguão do Morumbi quando Neymar desceu do ônibus e caminhou para o vestiário. O craque ouvia e se inspirava. Tanta gente boa em campo, mas ninguém com seu poder de decisão. A vitória do Santos por 3 a 1 sobre o São Paulo, que resultou na classificação para a final do Campeonato Paulista, tem o carimbo de Neymar.
De um Neymar centenário. Mais que centenário. O gol 100, de pênalti, teve comemoração discreta. Sem dancinhas, sem tchu, sem tcha... Seriedade de um clássico muito bem jogado pelas equipes. No gol 101, homenagem a Juary, atacante dos anos 70 e 80 que viu sua marca ser exterminada pelo gol 102, marcado com a colaboração de Denis e festejado, aí sim, com o gingado da certeza da vaga.
"Respeite quem pôde chegar onde a gente chegou". O verso da música também explica o Santos, na decisão pelo quarto ano consecutivo. Explica Neymar, que já chegou longe e parece não ter limites. E explica o São Paulo, que chegou aonde podia. Com bons jogadores, mas frágil defensivamente durante todo Paulistão, foi eliminado com boa atuação, mas sem um moleque tão atrevido assim.globo