09 setembro 2012

Criar um filho custa até R$ 2 mi, diz pesquisa


Investimento em educação, saúde, vestuário, moradia, lazer. Recente levantamento realizado pelo Instituto Nacional de Vendas e Trade Marketing (Invent) aponta que os custos com um filho até os 23 anos podem variar entre R$ 53,7 mil, para as famílias de menor poder aquisitivo, a R$ 2 milhões entre os mais ricos. Mas quanto vale um filho?  E o que custa não tê-los. Não são somente números e finanças que provocam a decisão de ter um descendente e nem mesmo a pobreza é sinal de miséria total numa família numerosa, como constatou a reportagem de A Tarde em uma das entrevistas.
Alguns mitos contemporâneos são derrubados também por profissionais bem-sucedidos que combinaram a dedicação à família e à prole numerosa ao avanço na carreira profissional e acadêmica. O procurador-federal Caio César Tourinho Marques, 42 anos, e a professora universitária Lúcia Vaz de Campos Moreira, 41, demonstram que, com um pouco de criatividade, é possível dedicar-se aos filhos. "Eu defendi minha tese de doutorado quando estava para nascer minha quarta filha, a Maria, que hoje tem 7 anos. No dia que em que fiz a defesa da tese, tive que parar alguns meses para amamentar", contou Lúcia Vaz Moreira, que é psicóloga e tem mestrado em educação na Universidade Federal da Bahia (Ufba) e doutorado em psicologia na Universidade de São Paulo (USP).
Além da Maria, o casal  tem outros três filhos: Luiz (14), André (12) e João (9). "Nunca pensei em ter um filho só. Gostava de estar grávida e amamentar", diz a psicóloga, que afirma ter sido o desejo de ter muitos filhos um dos motivadores para empenhar-se profissionalmente. "Não estou dizendo que todos têm que ter quatro filhos. Não adianta tê-los e não ficar juntos, levar à escola, almoçar juntos", atesta.
Superando dificuldades - Também com quatro filhas, a diarista Josimeire Evangelista da Silva, de 32 anos, não tem dúvidas quando afirma que as "meninas" são a maior bênção que possui na vida. "Nunca pensei em não ter uma delas porque não tinha dinheiro para tudo. Elas me deram motivação para trabalhar. Eu sei que hoje sou uma vitoriosa", diz Josimeire, que chegou a dividir com as filhas míseros R$ 150 mensais.
Moradora de Cajazeiras 11, hoje ela consegue, como ressalta, pagar as contas de água e luz, pagar as prestações da casa conseguida por meio do programa Minha Casa, Minha Vida e ainda contribuir mensalmente para a previdência, com o que ganha pelo trabalho feito em duas residências. As filhas - Larissa Moura (16), Edilane Luz (14), Eslane Luz (10) e Elziane Luz (8) - ela diz que são suas maiores amigas. "Ainda bem que são todas meninas, pois menino dá mais trabalho", brincou.
O pai das três últimas filhas, envolvido com drogas, fugiu há seis anos. "Hoje sou mãe e pai, e não me arrependo de ter minhas filhas, mesmo quando as coisas eram mais difíceis", lembrou Josimeire, de épocas quando conseguia R$ 10 ou R$ 15  para realizar pequenos serviços como arear panelas ou lavar e passar roupas. Questionada sobre a pesquisa, disse que nunca parou para fazer contas de quanto gasta para sustentar as quatro filhas.