Um laudo do Instituto de Criminalística da Polícia Técnico-Científica de São Paulo, obtido na semana passada com exclusividade pela Revista IstoÉ, provoca uma reviravolta no caso Yoki, como ficou conhecido o assassinato e esquartejamento do empresário Marcos Matsunaga, morto por sua mulher, Elize Araújo. Trata-se do exame das amostras de sangue encontradas no quarto em que ela esquartejou o corpo da vítima na madrugada de 20 de maio. Desde que foi presa no dia 4 de junho, Elize sustenta que fez tudo sozinha tanto o assassinato quanto o esquartejamento e a ocultação do cadáver. O documento agora revelado prova que ela está mentindo: um homem a ajudou a esquartejar o cadáver de Matsunaga tornando-se assim coautor do crime. Assinado pela perita criminal Roberta Casemiro da Rocha Hirschfeld, esse laudo de DNA (nº 35493/12) reuniu 30 amostras de manchas de sangue existentes em toda a área ao redor do corpo e afirma categoricamente:Identificado (...) material genético de no mínimo dois indivíduos, sendo ao menos um deles do sexo masculino (...) estando Marcos Matsunaga excluído como (...) gerador dessas amostras. Ou seja: os resultados dos exames de DNA detectaram no quarto a presença de sangue de outro homem além do sangue de Matsunaga.
Mais: há também, de acordo com o laudo, a possibilidade de que haja sangue de outra mulher, além do de Elize, nas amostras de sangue feminino que foram coletadas. A polícia de São Paulo deverá agora pedir o cotejamento de seu perfil genético com o perfil genético do sangue feminino encontrado para saber se outra mulher também fez parte do crime. ?Não resta dúvida, pela conclusão do laudo, que um homem participou do esquartejamento. E para haver sangue dele, é porque ele se machucou enquanto manuseava faca ou outro objeto cortante para dilacerar o cadáver?, disse à ISTOÉ a especialista em perícia criminal Rosângela da Rocha Souza. ?Eu tenho a percepção da coautoria no crime. Pelo menos depois de o tiro ter sido dado?, diz o promotor de Justiça José Carlos Cosenzo, responsável pela acusação da ré. O laudo deixa claro que as manchas de sangue são contemporâneas, ou seja, são do evento do corte do corpo e não há amostra anterior a ele?, diz Rosângela. ?O advogado de defesa, que estava presente e que pelas leis do País validou a prova estando ali, não registrou que se cortou, assim como nenhum perito o fez. Então o sangue é de outro homem que participou do esquartejamento.? A rigor, a exclusão de todos os homens que pisaram o apartamento na noite de 6 de junho, quando foi feita a perícia, é fácil de ser operada: basta que cada um forneça material genético para comparação. O laboratório de DNA do Núcleo de Biologia e Bioquímica do Instituto de Criminalística é o mais conceituado da América Latina, com equipamentos de ponta também utilizados, por exemplo, nos EUA, na Alemanha e na Itália.