16 outubro 2012

Pesquisa aponta novo caminho para vacina da aids


Descobertas recentes tornam a cura da aids visível no horizonte. Hoje se sabe muito mais sobre a síndrome da imunodeficiência adquirida do que há 30 anos, quando ela foi descoberta. O resultado desse conhecimento e das campanhas de conscientização é que o número de novos casos tem diminuído ano após ano, em todo o mundo. Com o subsídio dos governos ao coquetel de medicamentos necessário para o portador combater o vírus, os índices de mortalidade caem consideravelmente. Ninguém se arrisca, no entanto, a dizer que esse é um cenário animador, pois não se consegue erradicar a doença apenas com campanhas preventivas. Por isso, a grande batalha científica concentra-se na busca de uma cura para a doença e na produção de vacinas imunizadoras.
A revista científica Nature destacou, em setembro, uma nova técnica que renova essas esperanças. Uma equipe liderada pelo pesquisador David Watkins, da Universidade de Washington, com a participação de cientistas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), identificou uma característica particular nos controladores de elite. Assim são chamadas as pessoas que possuem o vírus HIV, causador da aids, mas não adquirem a doença. A descoberta é que isso acontece pela ação das células T CD8 protetoras, que, nessas pessoas, atuam matando as células T CD4, que são infectadas pelo HIV.
Embora já houvesse estudos indicando o papel das células T CD8, as pesquisas, até agora, focavam na função dos anticorpos no combate à doença, e pela primeira vez é mostrado que a resposta dessas células pode ser suficiente para o controle do vírus, impedindo a sua progressão. "É como se, na rodovia do estudo de vacinas para a aids, estivéssemos fixando uma placa nova, apontando para um novo caminho, baseado na abordagem celular", explica a pesquisadora Myrna Bonaldo, chefe do Laboratório de Biologia Molecular de Flavírus do Instituto Oswaldo Cruz e uma das colaboradoras do projeto. Além dela, participam também Ricardo Galler e Marlon Santana, da Fiocruz, e o também brasileiro Maurício Martins, que faz parte da equipe de Watkins nos Estados Unidos. "O nosso trabalho tem um mecanismo de base celular, mediante o estímulo de produção de células T CD8. Este é um conhecimento que contribui para que se descubra o que é importante no desenvolvimento de uma vacina eficaz", completa Myrna. Portanto ainda não se pode dizer que se está prestes a descobrir uma cura. Isso ainda vai depender de mais pesquisas - e tempo. "Os resultados obtidos neste estudo podem em muito ajudar o estabelecimento de estratégias de vacinação para o HIV. Entretanto é prematuro demais falar em uma potencial formulação de vacina", diz a pesquisadora. (GHXComunicação)