Duas mães alegam que um médico orientou que fossem usadas gotas de vodca na nebulização de bebês, em Aracruz, no Norte do Espírito Santo. A bebida alcoólica, inclusive, chegou a ser prescrita em receita. O caso aconteceu no Hospital e Maternidade São Camilo, no início da semana. Especialista diz que, no passado, uso da bebida era comum, mas, atualmente, existem remédios mais eficientes. A direção informou, nesta sexta-feira (15), que só vai se manifestar publicamente assim que as investigações sobre o caso, por parte do Conselho de Ética da unidade e da Sociedade Brasileira de Pneumologia, forem concluídas. O médico não quis falar sobre o que ocorreu.
O filho de Luana Tomaz, que tem seis meses, começou a passar mal no início desta semana. Ela foi com a criança ao hospital, onde um médico recomendou nebulização, mas quando a mãe apresentou a receita para o farmacêutico, percebeu que algo estava errado. "O farmacêutico disse que não tinha o que eu estava pedindo, pois era vodca de supermercado. Não acreditei quando ouvi isso", disse.
A situação e até a foto da receita foram parar nas redes sociais. Através da divulgação, Luana descobriu que uma amiga, Joyce Silva, que é mãe de um bebê de um mês, também havia passado pelo mesmo. "Na hora fiquei surpresa de ele ter colocado vodca junto com medicamento, mas não sei explicar, na hora a ficha não caiu. Só quando eu já tinha saído do hospital que percebi que ele tinha receitado bebida alcoólica para a minha filha", contou.
As duas mulheres contrataram uma advogada e alegam que, antes de prescrever as receitas, o médico ainda "brincou" com elas. "Ele me perguntou se eu conhecia um remedinho chamado vodca. Falei que não e ele me respondeu, surpreso, 'mas eu só estou falando de vodca de supermercado'. Na hora, achei que ele estivesse brincando comigo, nunca pensei que fosse receitar isso para o meu filho", disse Luana. O pediatra pneumologista Mário Tironi esclareceu que há muito tempo, por falta de recursos terapêuticos, os médicos usava a vodca para desidratar as secreções nos tratamentos de asma e bronquite, mas que isso já foi abolido, pois existem outros medicamentos comprovadamente mais eficazes. O médico trabalha no Hospital São Camilo há 11 meses e, segundo a gerência, continuava atendendo normalmente nesta sexta. (G1)