O ator e vendedor Vinícius Romão de Souza, de 26 anos, preso após ser acusado por uma mulher de a ter assaltado, contou ao G1 que está decidido a processar o delegado responsável pela sua prisão, o policial que efetuou a detenção e o Estado. Ele esteve nesta nesta segunda-feira (10) na sede da Corregedoria da Polícia, no Centro do Rio, para prestar depoimento. Romão declarou ainda que seu tênis, celulares, fone de ouvido e braçadeira, recolhidos no ato da prisão, não haviam sido devolvidos pela polícia até as 16h. “O depoimento hoje foi tranquilo. Depois de um mês, hoje faz um mês que eu fui preso injustamente, e foi a primeira vez que eu pude dar um depoimento frente a uma pessoa. Porque meu primeiro depoimento foi na cela. Eles [o delegado e o policial] ainda vão dar o depoimento deles. Estou confiante que a justiça será feita. E eu vou processar o Estado, o delegado e o policial. Estou esperando esse processo terminar. Mas você pode ter certeza que vou entrar com um processo sim. Só não vou processar a dona Dalva porque tal peso dela ter de dormir, sabendo que colocou um inocente na cadeia. Eu que sou inocente, durmo de duas a três horas por dia, imagina ela?”, declarou.Romão ficou detido por 16 dias na Cadeia Pública Juíza Patrícia Acioli, em São Gonçalo, Região Metropolitana. Ele contou que após a prisão, evita sair sozinho e está fazendo tratamento psicológico para lidar com o trauma. “Estou mais tranquilo porque recebi o apoio popular, mas ainda tenho algumas sequelas. Evito sair sozinho, na sexta tive minha primeira sessão de terapia. Essa semana vai ser muito decisiva porque recebi um convite dos Direitos Humanos para ir à Alerj [Assembleia Legislativa do Rio] para contar minha história. Vou falar de frente para o sistema. E no dia 12 é minha formatura na faculdade, em psicologia. É um misto de sensações de alegria e preocupação”, completou.
O jovem disse ainda que os presos que dividiam a cela com ele acreditavam na sua inocência. “Eles me acolheram, conversaram comigo. Aprendi muito sobre organização. Porque a água caía quatro vezes ao dia, por dez minutos, então, a gente tinha que ter um planejamento para facilitar nosso convívio. Não podia ficar doente, passar pros outros era complicado. Agora, eu tenho dormido de duas a três horas por dia. Meus amigos estão sempre aqui em casa. Acho que é mais aflição, o psicológico. Os traumas não vão se apagar, mas podem ser sanados”, desabafou. Os danos que isso tudo causou a mim e à minha família, dinheiro nenhum vai pagar porque são marcas que não vão ser apagadas. Fomos expostos, fiquei no meio da polícia e de bandido. Corri risco de morte nos dois. Aqui a polícia agiu de forma errônea e lá fiquei no meio de bandidos. A sorte é que me acolheram na minha cela. Eles sentiram que eu era inocente. Eu fiquei nesse fogo cruzado. Rasparam meu cabelo, tiraram minha identidade”, afirmou o ator que acrescentou ainda que terá que ir ao fórum no dia 25.