Durante muitos anos os colportores vendiam Bíblias de porta em porta no Brasil. Era uma forma de evangelização que gerou muitos resultados. Os evangélicos eram poucos e nem todos os católicos possuíam cópias das Escrituras. O tempo passou e hoje em dia com alguns cliques do mouse é possível comprar uma Bíblia, escolhendo dentre uma ampla variedade de cores, tamanhos e preços. Os mais velhos se lembram bem do ofício de homens como José Maria Nogueira Lira. Há mais de 30 anos, ele andava pelas ruas de Fortaleza, batendo de porta em porta. Dali, empenhou-se e abriu uma loja. Depois foram mais sete espaços físicos e ainda um ambiente virtual, este lançado há sete anos, até Nogueira Lira se tornar um empresário reconhecido por vender variações de um único produto que parece não ser afetado por crises (e nem sair de moda): a Bíblia. Apesar de não aparecer nas listas das publicações, o Livro dos Livros ainda é o mais vendido de todos os anos. Em 2014, somente as Sociedades Bíblicas Unidas (SBU) distribuíram 34 milhões de exemplares em todo o mundo. Isso representa um aumento de 6% em relação a 2013. Considerando somente o Brasil, foram 7,6 milhões de volumes impressos pela Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), ligada à SBU. Isso são apenas as versões dos evangélicos. Contabilizando outros materiais como Novos Testamentos, Evangelhos e outros itens bíblicos atinge-se a marca de 288.700.000 porções de Escrituras – mais de dois terços do total mundial. Erní Seibert, secretário de Comunicação, Ação Social e Arrecadação da SBB explica: “É tranquilamente o livro mais distribuído do mundo. É um patrimônio da Humanidade. Se você viajar para a Europa e quiser entender a arquitetura, precisa conhecer a fé cristã. Se quiser entender a obra do Aleijadinho no Brasil, precisa do texto bíblico. Não é um livro apenas para religiosos”. Considerando que as Bíblias católicas possuem sete livros a mais no Antigo Testamento por parte da primeira, foram mais cerca de 3,4 milhões de cópias, totalizando 11 milhões de Bíblias tanto católicas quanto evangélicas no ano passado. A Câmara Brasileira do Livro e o Sindicato dos Editores de Livros recentemente passaram a incluir o segmento de Bíblias em suas pesquisas do mercado editorial do país. Obviamente, isso inclui as diferentes traduções e as chamadas “Bíblias de estudo” temáticas. “Todos os meses são lançadas Bíblias [de estudo] novas”, assevera Ossian Carlos Vital, gerente administrativo da Casa da Bíblia: “Mesmo quando as editoras não têm algo novo, mudam a capa, o design. O mercado está sempre movimentado”.
Versões católicas: O monsenhor Jamil Alves, diretor editorial das Edições CNBB, pertencente a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, conta que desde a sua criação, em 2005, a Edições CNBB já produziu mais de um milhão de bíblias. Ao mesmo tempo, a editora Ave-Maria, uma das maiores no segmento de bíblias católicas, desde sua fundação em 1959, já publicou 200 edições de bíblias. A média anual de 600 mil volumes vendidos. Aliston Monte, gerente de Marketing da Ave-Maria, diz que: “O maior consumidor são as paróquias. Em muitos municípios do país não há livraria, mas paróquia sempre tem. E também há empresas que compram para presentear funcionários e clientes”. A edição mais recente do Guinness Book aponta que a Bíblia já foi traduzida para 349 idiomas e permanece como o livro mais vendido do mundo. Mesmo assim, os números absolutos são incertos. O Guinness estima que mais de cinco bilhões de cópias de bíblias foram distribuídas desde o século XIX. Com informações de O Globo