Especialistas consultados pelo GloboEsporte.com admitiram a possibilidade de haver manipulação de resultados na Copa do Mundo da Rússia. Levando-se em conta o percentual de fraudes, o monitoramento ostensivo e a grande audiência de mais de 3 bilhões de expectadores, a possibilidade é considerada pequena, mas real. Os especialistas afirmam que pode ser difícil detectar a corrupção, pois podem ser escondidas em múltiplas apostas. Além disso, a partir do momento em que as seleções não estão mais no páreo, ficam mais vulneráveis à abordagem do crime organizado. “Não dá para dizer que um jogo de Copa do Mundo nunca será manipulado. O mercado "in-play" (apostas durante a partida) oferece uma oportunidade. Jogadores podem ser influenciados para dar um escanteio ou tomar um cartão em retorno por dinheiro, já que essas ações podem não afetar diretamente o resultado do jogo”, comentou Andy Brown, do "Sports Integrity Initiative", veículo internacional especializado em questões que afetam a integridade do esporte. “A Fifa e a Uefa precisam ser mais proativas nas regras sobre que informações as federações podem comercializar. Elas sabem que, em certos casos, associações inteiras são controladas por corruptos”, concluiu. A situação ganha força pelo Mundial ocorrer na Rússia, país com histórico de suspeitas de corrupção em competições locais. Empresas do país injetam por ano, cerca de US$ 1 bilhão para o exterior, na indústria ilegal de apostas online. A estimativa das autoridades russas é de que jogos de azar na internet movimentem US$ 7,8 bilhões/ano no mercado ilegal. Na tentativa de diminuir o problema, a Rússia lançou em 2016 a "TsUPIS", plataforma de apostas autorizada pelo governo. Ainda no mesmo ano, uma quadrilha transnacional composta por membros da máfia russa, que lavava dinheiro ao assumir clubes em crise financeira em Portugal, foi desmontada pela Europol. Na Copa do Mundo de 2014, ocorrida no Brasil, o então chefe de Segurança da Fifa, Ralf Mutschke, denunciou a tentativa de assédio de árbitros e jogadores por parte de criminosos que tentavam comprar e manipular resultados do certame. Para impedir esse tipo de delito, a Fifa colocará em prática medidas preventivas nas próximas semanas e durante a competição. “Proteger competições da ameaça de manipulação de resultados é fundamental para a Fifa. Para garantir que a integridade da Copa do Mundo 2018 não será comprometida de qualquer forma, a Fifa, em colaboração com seus parceiros, implementou uma série de medidas específicas para proativamente prever, detectar e responder a qualquer atividade suspeita e/ou qualquer tentativa de se manipular um jogo da Copa”, confirmou um porta voz da principal entidade do futebol. Até a abertura do torneio haverá treinamentos com as 32 seleções. Os workshops serão mais focados nos jogadores e nos árbitros, mas também atenderá treinadores e dirigentes. Um outro fator será a análise simultânea dos mercados de apostas online e as ações em campo durante todos os jogos da Copa do Mundo. Para esse serviço, a entidade terá a parceria da Sportradar, empresa que também atende os principais esportes dos Estados Unidos, à NBA e à NFL. Ainda segundo o Globoesporte.com, as apostas esportivas levantam cerca de € 1,4 trilhão por ano. Dos 280 mil jogos fiscalizados pela Sportradar, 650 são detectados como fraudados. Aplicada a mesma proporção ao montante de dinheiro, estima-se que a corrupção de partidas gere € 3,2 bilhões por ano. (BN)